E se a acessibilidade fosse mais que um requisito legal?
Como sabem, eu trabalho em tradução audiovisual, área onde se fala muito acerca de acessibilidade.
No entanto, para mim, a acessibilidade é mais do que uma obrigação profissional, é um princípio fundamental.
É a base de uma sociedade onde todos têm acesso igual a espaços, informações e experiências.
Qual é o nosso contributo para promover a acessibilidade?
A importância de uma linguagem simples e clara
No Dia Mundial da Consciencialização para a Acessibilidade, tive a oportunidade de assistir ao webinar Access Talks.
A apresentação do projeto iDEM foi particularmente interessante, pois serviu para me chamar a atenção para o facto de os formulários e documentos oficiais serem escritos numa linguagem que nem todas as pessoas compreendem.
O iDEM desenvolve ferramentas linguísticas para ajudar pessoas com deficiência, idosos e migrantes a participar de uma forma plena nos processos democráticos, ultrapassando as barreiras linguísticas.
A conferência fez-me refletir sobre como os nossos preconceitos inconscientes podem impedir-nos de entender as vivências das outras pessoas.
Na verdade, nunca tinha refletido seriamente sobre este assunto. Contudo, há pequenas coisas que podemos fazer para promover um mundo mais inclusivo.
Aqui estão algumas sugestões.
Texto Alternativo (Alt Text) para descrição de imagens
Tal como as legendas nos vídeos, o Texto Alternativo (Alt Text) é essencial para a acessibilidade de imagens na internet.
Nas minhas publicações, escolho criteriosamente as fotografias para que estas enriqueçam e adicionem contexto à minha escrita.
No entanto, se não as descrevermos através do Alt Text, as pessoas que usam leitores de ecrã não têm acesso ao contexto completo.
Formatação de texto com carateres especiais
Algumas plataformas, como o LinkedIn, não permitem formatação do texto a negrito e itálico. Por essa razão, muitas pessoas optam por contornar essa limitação utilizando carateres especiais.
Esta prática pode, inadvertidamente, criar barreiras de acessibilidade.
Por quê?
Para leitores com deficiência visual que usam leitores de ecrã, os carateres especiais são um grande obstáculo. Os ‘softwares’ de leitura de ecrã leem esses carateres literalmente e o resultado é um texto sem sentido.
Ferramentas de acessibilidade do Canva
Muitas plataformas têm funcionalidades de acessibilidade que nos ajudam a assegurar que os documentos que partilhamos nas redes são acessíveis a todo o tipo de público.
Por exemplo, ao criarmos um carousel no Canva, podemos analisar a sua acessibilidade.
A aplicação fornece um relatório dos problemas do documento e sugestões para os resolver.
A cor escolhida da letra tem pouco contraste, as imagens não têm texto alternativo, há elementos decorativos que não necessitam descrição?
A solução é fácil e rápida. O resultado é um documento que pode ser lido na íntegra por um leitor de ecrã.
Pequenos ajustes, grande impacto
Em última análise, o objetivo é assegurar que todas as pessoas tenham igual acesso a experiências e informações.
E, de facto, pequenos ajustes podem fazer uma grande diferença:
- Simplificação da linguagem em documentos oficiais para promover a participação democrática.
- Utilização de Alt Text para leitura de imagens por leitores de ecrã.
- Formatação de texto sem carateres especiais para garantir a compatibilidade com leitores de ecrã.
- Utilização das funcionalidades de acessibilidade do Canva para criar documentos inclusivos.
As práticas que descrevo aqui focam-se sobretudo na linguagem falada e escrita.
A acessibilidade é, sem dúvida, uma questão bem mais abrangente e complexa.
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